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70 anos da Igreja Batista: relatos de preconceito, apedrejamento e fé em Chã Grande


 Em aproximadamente setenta anos de catolicismo romano, a então vila de Chã Grande ainda não conhecia o conceito prático da palavra ‘protestantismo’, e nem seus moradores liderados pelos líderes da igreja romana, admitiam a existência da fé cristã por outra linha de transmissão que fosse a Igreja Católica Apostólica Romana. Assim como existem choques em todas as mudanças, a chegada do evangelho a Chã Grande trouxe fortes reações.

Como já vinha acontecendo em outras cidades neste tempo, ser chamado de protestante não era um elogio, mas uma ofensa. Embora que hoje tenhamos um conceito prévio do que é liberdade religiosa, nesta época nem se sabia o que era isso, ora diga os crentes batistas. Sim, o primeiros contatos protestantes feitos em terras chã-grandenses foram feitos pela Igreja Batista exatamente no mesmo período em que Chã Grande inaugurava seu templo católico em 1940.

Os dados não são exatos, mas a chegada dos primeiros evangélicos na vila de Chã Grande teriam chegado no fim dos anos 30 e início dos anos 40 do século passado através de uma família, o senhor Francisco José e Dona Severina. De forma muito singela, eles iniciaram visitando famílias e falando da Bíblia, recitando trechos dos evangelhos em algumas reuniões que faziam em poucas casas. 

Seu Francisco conhecido como seu Chico, prendia a atenção de todos enquanto falava de Jesus, mesmo sem possuir muito conhecimento secular. Dessa forma, o evangelho começou seus primeiros passos e cada vez mais conseguia novos convertidos até que alcançou um casal chamado Antonio Pereria Lins e Maria da Soledade Lins. 

Seu Antonio Lins era o maior comerciante local e possuía um alto conceito na sociedade até que se converteu ao protestantismo. A irmã Maria Lins (foto) uma das pioneiras oculares do trabalho batista em Chã Grande e filha de Antonio Lins, chegou a dar um depoimento comovente sobre esse período de conversão de seu pai, e destacou o alto nível de crueldade que o principal líder católico na época, demonstrou com sua família pelo fato dele ter aceitado a fé protestante.

“O primeiro evangelho de Chã Grande foi a congregação dos batistas. No ano de 37 e 38 já havia trabalho evangélico e havia grande perseguição pelo padre José Florentino, ele perseguia os crentes de uma maneira de espantar qualquer um. Meu pai era um alto comerciante nessa vila pequena, vila atrasadíssima e só haviam casas de palha. Mas ele era o maior comerciante. Porém o padre falava pra todos os adeptos dele que não comprassem nada ‘ao protestante, ao bode’. Não comprem nada, deixem ele morrer de fome... ninguém compra a ele, não deem um bom dia que ele não merece. Quando passar por ele, digam: Ave Maria!”

Segundo a irmã Maria Lins, seu pai acabou perdendo tudo quanto antes possuía e chegou a não ter mais nenhum cliente em seu estabelecimento no centro da vilinha de Chã Grande por ordem do sacerdote romano, porém ele nunca negou sua fé e nem deixou de seguir a Cristo. 

Para não passar mais privações, deixou de ser comerciante para ser pedreiro. Sob má influencia, os primeiros crentes aqui foram chamados de forma pejorativa de “nova seita”, “bodes” e outros adjetivos a mais. 

Texto extraído do livro 'História da Assembleia de Deus em Chã Grande, do autor Márcio Santos.

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