“Estou muito triste. Alguém se aproveitou do meu sonho e fez essa brincadeira de mau gosto, se é que isso pode se chamar de brincadeira. Agradeço a todos que me apoiaram. Não vou ficar com o dinheiro. Continuarei lutando pelo sonho de cursar medicina aqui no Brasil”, comentou Denis. O jovem cursa o 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Padre Américo Novais, localizada em Ribeirão, cidade da Zona da Mata onde Denis reside com a família. Sexta-feira passada uma equipe do Programa Ganhe o Mundo (iniciativa do governo de Pernambuco que concede bolsas de intercâmbio para alunos do ensino médio das escolas estaduais) esteve em Ribeirão.
“Inicialmente estranhamos o documento que Denis recebeu por e-mail. Não havia data nem endereço, tinha um pequeno erro de inglês e ao pesquisarmos sobre a universidade (Manitoba University) descobrimos que ela não existe”, explicou a superintendente do Ganhe o Mundo, Renata Serpa. “Outro ponto que nos chamou a atenção é que no Canadá primeiro os jovens fazem um curso comum, chamado bacharelado. Depois é que seguem uma carreira específica, como medicina.
No comunicado que Denis recebeu já dizia que ele faria medicina”, contou Renata. Ela orientou Denis a responder o email perguntado qual era o número da matrícula dele na universidade para que pudessem providenciar o visto de estudante. A surpresa veio ontem, quando o adolescente recebeu a resposta dizendo que não havia programa nem bolsa nenhuma para ele. Denis passou sete meses no Canadá, de agosto do ano passado a fevereiro deste ano, pelo Ganhe o Mundo.
Foi em janeiro, numa feira de universidades na escola canadense, que ele se cadastrou para pleitear uma vaga em medicina. No início de junho recebeu um e-mail informando da sua aprovação e pedindo documentos. Ele mandou. No dia 15 do mesmo mês veio a confirmação da bolsa, com a informação de que teria também moradia e alimentação. Haveria que pagar apenas uma taxa de 250 dólares.
A Secretaria Estadual de Educação emitiu um ofício pedindo que a Secretaria de Defesa Social (SDS) investigue o caso. Denis vai registrar um Boletim de Ocorrência. “Estava estudando uma média de 10 horas por dia para o Enem. Vou continuar estudando para tentar medicina aqui no Brasil”, ressaltou Denis, que já morou embaixo de uma ponte e numa quadra abandonada.
Do JC Online.