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Prefeitura de Gravatá terá de refazer o bem tombado

Depois de derrubar um pontilhão da linha férrea tombado como patrimônio estadual e de ter a obra embargada, a Prefeitura de Gravatá deverá refazer a ponte aproveitando o material da demolição. Pelo menos é essa a decisão técnica da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que esteve nessa segunda-feira (25) na cidade do Agreste do Estado e avaliou os estragos.

“Para nossa tristeza, arrancaram grosseiramente a base de pedra de sustentação do pontilhão e cortaram os trilhos e dormentes com maçarico”, relata Roberto Carneiro, técnico da Gerência de Preservação Cultural da Fundarpe, responsável pela vistoria. O município foi notificado e terá de apresentar à fundação e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o projeto da obra prevista para o local.

De acordo com Roberto Carneiro, com a retirada do pontilhão a prefeitura abriu um vão com cerca de 30 metros de largura, para aumentar a fluidez do trânsito. A ideia é facilitar a ligação entre as Ruas Amaury de Medeiros e Vereador Elias Torres. “Foi uma atitude intempestiva, pois aquele trecho da linha é operacional e tem tombamento do Estado desde a década de 80”, diz o superintendente do Iphan, Frederico Almeida.

A obra teve início na quinta-feira (21), o prazo de conclusão é até 27 de julho de 2015 e o custo é de R$ 147.936,02, com recursos da prefeitura. Mas foi embargada na sexta-feira (22) pela Fundarpe, Iphan, Dnit, Ministério Público Federal e Ministério Público de Pernambuco. “Estamos fazendo estudos para valoração do patrimônio ferroviário do Estado e ainda não concluímos o trabalho em Gravatá”, acrescenta Frederico Almeida.

Tanto a Fundarpe quanto o Iphan informam que a prefeitura não tinha autorização para demolir o pontilhão. O Iphan também fez vistoria na área, segunda-feira (25), e aguarda o laudo técnico para definir as medidas a serem adotadas. Procurados para falar sobre o assunto, o prefeito de Gravatá, Bruno Martiniano, e o procurador do município, Antônio Saldanha, não se pronunciaram.

Enquanto isso, moradores da cidade, distante 84 quilômetros do Recife, só falam na derrubada da ponte. “Com tanta coisa para se fazer aqui, a prefeitura vai derrubar um monumento histórico que não estava atrapalhando ninguém. Temos ruas às escuras, buracos e esgotos estourados. Isso ninguém ajeita”, afirma a vice-presidente da Associação dos Artesãos de Gravatá, Maria de Fátima da Silva Vieira.

“Achei errado isso que fizeram. E se de repente o trem voltar? O caminho estava pronto e derrubaram”, destaca a dona de casa Maria José de Carvalho. “Um sinal de trânsito nesse lugar seria mais útil do que botar o pontilhão abaixo. A paisagem mudou completamente”, declara a atendente Rayane de Carvalho.

Um morador da Rua Amaury de Medeiros, que pediu para não ser identificado, também condenou a ação da prefeitura. “A reorganização do trânsito, na porta da minha casa, até seria bom, pensando só nos carros. Mas era tão bonito quando o trem passava por aqui. O pontilhão fazia parte da nossa história, a população está revoltada. Não precisava ter feito isso”, diz ele.

Todos os entrevistados disseram que desconheciam o projeto e foram surpreendidos com a máquina derrubando o pontilhão.

JC
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